terça-feira, 4 de outubro de 2011

Histórias de jogador (ou pescador)

Hoje, quem olhar meu físico, dificilmente sonharia que um dia já fui apelidado de ‘lambari’ pela minha irmã. Naquela época eu era um pobre menino raquítico e franzino. Mas Deus, com sua infinita bondade, fez com que o tempo me ajudasse. Se ainda não sou aquela Coca-Cola toda, pelo menos já superei a fase do Gury Cola.

Só que, naquele tempo, eu tinha certas vantagens em relação aos dias atuais. A principal delas, e a que sinto mais falta, é a minha ótima condição física de atleta. Jogava horas seguidas de futebol e não amanhecia com a impressão de ter sido atropelado por um trem, andava de bicicleta por quilômetros e minha perna nem reclamava, atravessava o Tapajós e o ar não me faltava. Hoje... a história é outra.

Semana passada fui convocado para um super clássico na minha ex-universidade. Sabe como é, quando o jogador é bom, nunca se esquecem de chamá-lo. E ainda tiveram de insistir muito.

Chegando lá, olhando aquele gramado bonito e aquela torcida vibrante, me bateu uma saudade. Ah, lembranças dos velhos tempos.

O jogo começou. A responsabilidade pesou, assim como os quilos a mais. Eu até parecia invisível. A bola iiia, a bola viiinha. E eu nada. Ninguém queria passar para o camisa 10 (na verdade as camisas não tinham número). Foi aí que comecei a pensar: “espera aí, será que não conhecem a minha fama?”. Invocado, comecei a procurar jogo. Pena que nessa hora eu já estava pisando na língua. Só de olhar, o cansaço me dominou. Mas um grande jogador não pode abandonar a equipe (se bem que eu acho que essa era a vontade da maioria).

Comecei a tentar uns dribles. Arriscar lançamentos. Foi aí que surgiu o primeiro gol do nosso time. Peguei a bola na entrada da área (que não existe) e dei um belo passe para meu companheiro (na verdade errei o chute), com muita velocidade me desmarquei para receber a bola na frente do gol (dei um pisão no pé do zagueiro, sem querer...). Aí não teve jeito, só empurrei para o fundo das redes. Golaço! A torcida não se conteve, começou a gritar o meu nome.

Minha vontade era de ficar caído lá no chão. Não aguentava dar nem mais um passo. Mas com aquele apoio vindo das arquibancadas não me contive. Levantei, dediquei o gol pra galera e me arrastei para o meio do campo. A partir daí minha história mudou. Comecei a me esconder porque todo mundo queria que a bola passasse pelos pés do craque. Logo depois, em uma cobrança de falta, recebi a bola, virei e chutei. O goleiro rebateu para o meio da área. Um jogador do nosso time dominou, me tocou novamente, vi meu companheiro livre, e fiz o passe para ele marcar o gol. Viramos o jogo!

Bom, depois disso ainda tentei dar umas carreiras, mas minhas pernas não aguentavam mais. Os hematomas de minhas quedas ainda carrego comigo. Joelho, coxa e outras partes raladas. Mas saí de cabeça erguida, com a certeza do dever cumprido.

Sei que logo vão me chamar para novos confrontos...

Fico por aqui, até a próxima.




3 comentários:

  1. Hahahahahahahahahahaha, ri muuuuito com esse teu texto!
    Adorei, amor, mt bom! rs.
    Quarta-feira já tem o próximo, te prepara.
    Beijo doce.

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  2. hauauauahauahuahuahaha, muito bom, mas eles não conhecem Wagner - O Imperador!!!

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  3. Talita Siade B Ferreira14 de outubro de 2011 às 21:03

    Confessa que você nesse dia estava jogando so com sessentões...hehe

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