Esta semana foi lançada uma enquete no perfil do JSBA no
Facebook, para saber a opinião dos leitores sobre transporte público: deveria
ser de graça?
As opiniões divergiram-se bastante. Muita gente, como a Sarah
Ferreira, acredita que “se pago já uma precariedade, imagina
gratuito.” A Margarete Moro acha que não daria certo. Rosivânia Oliveira não
concorda com o serviço ser gratuito. “No Brasil nada é valorizado se é público.
Os custos de manutenção triplicariam os valores dos impostos que já são altos”.
Na contramão destes, muita
gente pensa que sim, o transporte público - assim como os demais serviços
básicos - deveria ser gratuito. “Pelo tanto de imposto que pagamos, sim,
deveria ser!”, afirma Drick Sousa. Jane Leal usa o mesmo argumento. “Com
certeza, pagamos muitos impostos”.
Independente de o
transporte ser pago, ou não, o que todos querem é um serviço de qualidade. “Não
deveria ser gratuito, mas podia ser bom”, diz Dalva Gama. “Gratuito não digo,
mas com um melhor conforto”, pede Regina Melo. “Quando tem qualidade é outra
coisa”, opina Aucileia Damasceno.
PROTESTOS
Todo mundo se lembra dos
protestos que varreram o Brasil – a partir de São Paulo – em junho de 2013. O
que desencadeou aquela onda de revolta? O aumento no preço da passagem de
ônibus. Mas não é o aumento em si que é a causa do problema. É a falta de
qualidade. É aquela coisa: ninguém se importa em pagar um pouco mais caro em um
produto, desde que ele ofereça tudo o que dele se espera. Mas todo mundo se
importa em pagar por uma coisa que sempre vai te deixar na mão.
Ninguém acharia ruim se os
ônibus fossem novos, confortáveis, com ar condicionado, oferecessem
acessibilidade, cumprissem os itinerários corretamente, sem atrasos ou
desvios... mas, hoje, andar de ônibus é um risco. E por isso as pessoas
reclamam.
Vale lembrar que a culpa
não é apenas das empresas que prestam esse serviço. O transporte público
compreende, também, questões como mobilidade urbana e infraestrutura.
CONTEXTO
O transporte público, no
Brasil, nunca foi bom. E vai demorar para ser. Principalmente pela forma que o país
se desenvolveu. A partir da metade do século passado, o Brasil passou por
muitas transformações no cenário econômico. Em pouco tempo, desenvolveu-se
muito. O processo de migração das famílias do campo para cidade, aliado à total
falta de planejamento, os serviços básicos ficaram comprometidos – incluindo o
transporte. Aliado a isso, boa parte das empresas que instalaram suas fábricas
no país foram montadoras de veículos. Isso acarretou consequências sérias
enfrentadas até hoje.
IMPACTOS
Ao não oferecer um
transporte público de qualidade, estimula-se o transporte individual. Como os
espaços para se locomover de bicicleta, por exemplo, ainda são escassos, a
grande maioria da população – que tem melhor condição – opta por carros e
motos. E isso se reflete em outras áreas.
Em 2012 o Ministério da Saúde
gastou mais de R$ 416 milhões somente com o tratamento de vítimas de acidente
de trânsito. Motociclistas representaram 48% dos casos. E, segundo o presidente da Associação Brasileira de Vítimas do Trânsito, Dirceu
Rodrigues Alves, esse percentual cresce 103% ao ano.
Se o transporte
público fosse adequado, o número de acidentes seria bem menor e,
consequentemente, o recurso gasto, também.
Além do fato de
prejudicar a classe menos favorecida que, muitas vezes, não pode ter acesso a
entretenimento, cultura e lazer por conta dos percursos dos ônibus, valor das
passagens e horário das rotas.
É preciso repensar as rotas
existentes. Será que oferecem a melhor cobertura? Depois – e não menos
importante – é necessário avaliar a condição das frotas existentes e detectar
os problemas. Após isso, planejar as melhorias.
Santarém é uma cidade de
porte médio, mas que começa a enfrentar graves problemas de trânsito. Fruto,
principalmente, da falta de planejamento. A tendência é só piorar