sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Uma reflexão sobre a montanha russa da vida



A nossa vida é uma montanha russa. Um sobe e desce sem fim. Às vezes tão rápido que nem dá tempo de abrir um sorriso, ou soltar uma lágrima. Se hoje estamos lá em cima, amanhã podemos não estar. E assim vivemos, nesse vai e vem infinito, sem ter certeza de quase nada.
Acho incrível como as coisas, a cada dia, passam mais rápido. Como nossa alegria se transforma em tristeza em segundos, e vice-versa. Como o mundo cabe na tela de um computador e como isso influencia a nossa vida.
Uma ligação, por exemplo, pode conter tantas emoções escondidas que nem fazemos ideia. E quando fazemos, muitas vezes nos decepcionamos. Esperamos uma coisa e recebemos outra. Tem vezes que nem queremos atender, já prevendo o que vai ser.
Apesar de cada ser humano ser único e individual, individualmente não se consegue nada. Nem mesmo a felicidade. Precisamos dos outros para quase tudo. Ninguém é capaz de viver sozinho, ou para si mesmo.
Nada será eterno. Os sentimentos estão em constantes mudanças. Hoje você é feliz, amanhã não. Hoje você ama alguém, amanhã talvez não. Os bens materiais se transformam. Bilionários ficam pobres, e miseráveis tornam-se ricos. Empresas poderosas falem. Empresas meia-bocas viram potências de mercado. Nem mesmo o melhor sempre estará melhor. O Messi nem sempre dará show. E olha só, o Palmeiras, time com mais títulos nacionais, e considerado o melhor clube do Brasil pela CBF, também não está livre da montanha russa da vida. Há alguns meses comemorou o bicampeonato da Copa do Brasil, agora está chorando pelo birrebaixamento à Série B do Brasileirão...
Das pessoas não sabemos o que esperar. Em mesmo quando não esperamos nada nos surpreendemos. Brigamos pelo pouco e não choramos pelo muito. Perdemos tempo com besteiras e dedicamos poucos minutos ao que realmente vale a pena. Somos mesquinhos, orgulhosos e prepotentes. Vivemos de julgar os outros, mesmo que inconscientemente. Consertamos, imaginariamente, a vida de todo mundo e nem olhamos para o bagaço da vida.
Vivemos influenciados pelos outros. Olhamos para os mais pobres para nos sentir superiores, agradecendo por termos condições melhores. E olhamos para os ricos desprezando-os, como se ter dinheiro fosse algum crime.
No sobe e desce da vida vamos seguindo nossos dias sem saber o que esperar da próxima curva. Talvez isso é o que nos faz sentir vivos. Se já soubéssemos o que iríamos enfrentar, que graça teria? 

terça-feira, 20 de novembro de 2012

E não é que o boto existe?!


A lenda que não é lenda. A Amazônia está cheia de filhos de boto.

Já estamos cansados de tanto ouvir sobre as riquezas da Amazônia. Um lugar que chama a atenção do mundo, seja para a exploração, seja para a preservação. Uma terra cheia de maravilhas e encantos, com infinitas potencialidades. Que possui recursos naturais que se transformam em quantias exorbitantes de dinheiro. Madeiras que valem ouro. Ouro que compram mansões. Mansões que abrigam poucas pessoas, muitas que nem daqui são. Uma realidade que em muito se contrasta com a absoluta maioria dos moradores da região.
Enquanto a riqueza é compartilhada por poucos, a população da Amazônia, em geral, perece. Muita gente vive como se vivia há 100 anos. Tecnologia? Desenvolvimento? São palavras que não se aplicam à realidade deles. Em algumas comunidades ribeirinhas, a neta se vê obrigada a seguir os mesmos passos da mãe, que por sua vez, seguiu os da avó. Um ciclo natural, que parece estar longe de ter um fim. Culpa de quem?
Se você, leitor, já viajou de barco para Belém, com certeza notou, ao longo do trajeto, a grande quantidade de balseiras que ficam espalhadas pelo rio. Pessoas que não têm outra opção na vida a não ser vender os poucos produtos que conseguem extrair da natureza, pedir migalhas dos viajantes, ou então se prostituir. Aí que surgem os filhos dos botos. Crianças que crescem sem saber quem é o pai. E, muitas vezes, nem a própria mãe sabe de quem é o filho, já que não possui parceiro fixo. Como não tem nenhum ganha-pão, a alternativa que as mulheres encontram é trocar sexo por presentes. A cada novo navio, uma nova oportunidade.
Em certas localidades onde a energia elétrica não chegou, a vida é movida pelos geradores à óleo diesel, e este produto torna-se indispensável. Sem dinheiro, sem trabalho e sem oportunidades, o meio encontrado para tê-lo não é o mais fácil, a prostituição. Aliás, esta realidade foi tema de reportagem da edição deste mês da revista National Geographic Brasil. Aproveitando o gancho, resolvemos trazer a discussão para o “Argumento da Redação” e debatê-lo mais intensamente.
Como já disse, é um problema de longa duração, em que os envolvidos já estão tão acostumados que não causa nenhum tipo de constrangimento viver assim. Foi a solução encontrada. Na verdade eles nem consideram prostituição. Mas, apesar de ser uma realidade comum para eles, ao sabermos que pessoas tão próximas de nós passam por isso, é revoltante. Como pode haver uma região tão rica em que seus moradores vivam dessa maneira? Mas, será que, realmente, eles não têm outra solução? São condenados a repetir esse ciclo sem que tenham alguma esperança de mudança? Diversos fatores poderiam ser analisados. Muita coisa apontada.
De vez em quando até que surge alguma menina que tenta quebrar a corrente do destino e traçar um novo rumo para sua vida. Porém o caminho é árduo. Com a família passando necessidade, e o abismo que se forma a sua volta, parecendo tudo tão distante de suas mãos, a única solução visível é repetir o mesmo cenário que persiste há décadas. Quem resolve estudar e sonha com uma vida melhor, muitas vezes recebe a desaprovação dos pais. Como pode perder tempo estudando se a barriga está vazia?
O Governo Federal, apesar de toda a propaganda, continua longe dessas pessoas, assistindo com normalidade a tudo isso. Os postos de trabalho característicos desses lugares, como a exploração de madeira, são fechados. Sem trabalho e sem medidas que mudem, de fato, a realidade dessa população, as meninas, mulheres e anciãs continuam esperando na imensidão do rio pelo navio que vai garantir o sustento da vida. E esperando em cada capitão um boto.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Parabéns pra você!


Nesta semana nós comemoramos o aniversário de alguém muito especial. Alguém que sempre está presente nos acontecimentos que marcam a vida dos santarenos. É impossível passar despercebido, por todo lado que se olha ele está lá, pronto para auxiliar, prestando informações e ajudando a quem precisar.
Às vezes ele também pega pesado, dá puxão de orelha em quem está errado, e, claro, também erra. Mas uma coisa é certa, sempre podemos acreditar no que fala. Não dá conselhos falsos e nem age de má fé. Nunca quer prejudicar ninguém, aliás, sempre pretende justamente o contrário, denunciar quem prejudica as pessoas. No entanto, apesar de ser crítico, não é polêmico. Não faz burburinhos, nem cria mentiras para se promover. Na verdade ele odeia fofocas.
Tem muita gente que gosta dele (e, claro, também tem quem não goste). Sempre recebe vários elogios, às vezes fica envergonhado, já que não é do seu feitio receber gentilezas de outras pessoas. Gosta de ficar neutro, não toma partido, porém não fica em cima do muro, esperando ver qual time vai ganhar. Tem seus princípios, suas filosofias, e as segue à risca.
Esta semana ele comemorou mais um aniversário. Está quase chegando na sua quarta década de vida. Para uma criança isso é uma eternidade. Para um idoso ele ainda tem muito o que aprender. Para os amigos ele é inseparável. Para a família ele é motivo de orgulho. Para ele é apenas mais um dia de batalha, como tantos outros. Um dia em que tudo pode acontecer, ou nada pode acontecer.
E é dessa forma que ele viveu até hoje, com a expectativa do novo, do diferente, do fascinante. Procura fazer de cada dia um dia único. De cada semana uma semana melhor. E de cada aniversário um ano de reflexão. Ele sabe das dificuldades melhor do que ninguém, e é nelas que encontra motivação para existir. Mas, também, nem só de dificuldades vive. Sabe ser engraçado, romântico e sonhador. Conta piadas, recita poemas e luta pelo que acredita.
Eu tive o prazer de conhecê-lo desde pequeno. Sempre fiquei muito feliz por tê-lo em nossa cidade e por representá-la tão bem. E uma das minhas grandes alegrias foi quando comecei a fazer parte da mesma família que ele. Uma família especial e que, apesar das diferenças, trabalha em favor do mesmo objetivo. Uma família que brinca e briga, mas sabe que sua missão é muito grande para perder tempo com besteiras.
Enfim, parabéns JSBA pelos seus 38 anos. Muito obrigado por existir. 

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

E a natureza faz todo o trabalho que cabe ao homem

Um lugar para contemplar lixo, sujeira e cheiro de bosta


Santarém nasceu em um lugar abençoado (e estratégico). Ganhou de presente tudo aquilo de que precisa para se desenvolver e se tornar uma cidade exemplo para o Brasil (e para o mundo). Tem um enorme potencial turístico a ser (sustentavelmente) explorado. São praias, rios, lagos, comunidades... E segue a lista interminável de belezas naturais. Ainda mais nos últimos anos quando o ecoturismo ganha mercados cada vez maiores. Além dessas características geofísicas mencionadas, ainda teve a oportunidade de, ao longo da história, formar um povo feliz, mesmo com todas as dificuldades vivenciadas. Gente simples, mas que sabe tratar bem o próximo. Uma população marcada pela humildade e pelo bom coração. Com história e cultura esplêndidas. Enfim, um cenário desejado por milhares de cidades pelo mundo afora.
No entanto, isso não basta. É preciso que o homem faça a sua parte, preservando o que tem de ser preservado e aproveitando o que há para ser aproveitado. Não adianta ter tanto potencial se isso não se reverter em benefícios para a população. E, infelizmente, é o que tem acontecido. A praia de Alter do Chão, por exemplo, tem se vendido sozinha. Foi assim que, por duas vezes, foi notícia em um jornal inglês como uma das praias mais bonitas do Brasil. No entanto, a mídia a vende de um jeito muito mais superior do que ela realmente é. É linda, mas não apresenta estrutura para competir de igual para igual com outros pólos do Brasil. Já passou da hora dos governantes desta querida terra acordarem do sono profundo em que vivem. Chega de tanta moleza.
Mas também não adianta fazer só por fazer. Sé é para gastar o dinheiro público com obras indignas da grandeza da história santarena, melhor deixar como está. Uma delas é a construção do Parque da Vera Paz. Lá foi resultado da parceria da Prefeitura com o Governo Federal. Um lugar feito para contemplar o mato e sentir o cheiro da fossa a céu aberto que é no local. Na época da cheia, pelo menos, as águas encobrem o lixo e a sujeira que reinam em Santarém. Afinal, para contemplar merda não é preciso sair de casa. A inteligência de certas pessoas me assusta. Como podem despejar tudo que não presta em frente à cidade? Um lugar tão bem guardado na memória dos santarenos se transformou em um alagado desprezível. 

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

O ano já acabou?




Não, o ano ainda não acabou, mas esqueceram de explicar isso para a Prefeitura de Santarém. Infelizmente ainda é este o tipo de governo praticado no Brasil, uma política de interesses. Ou quais seriam as explicações para que tudo, de uma hora para a outra, empacasse? O caso mais grave e que mais repercutiu na mídia e nas ruas da cidade foi a falha na coleta de lixo. Bastou ficar uns dias sem que a empresa responsável recolhesse o lixo para Santarém se transformar numa bolha de sujeira e mau cheiro – o que também não é muito difícil. Juntar um Poder Público ineficiente com uma população sem educação ambiental dá nisso.
Mas, apesar de gravíssimo, esse não foi um fato isolado. Quem mora ou transita pela Avenida Muiraquitã também notou a forma interesseira de como Santarém tem sido governada. Nos dias em que antecederam as eleições, a Prefeitura começou a atuar naquela avenida, no perímetro que compreende a Avenida Curuá-Una e Avenida Sérgio Henn. Fizeram limpeza, tapa-buraco e começaram um recapeamento (se é que se pode chamar aquilo de recapeamento). Os trabalhos, por incrível que pareça, durou apenas até o dia 6 de outubro. Um dia depois ocorreram as votações. Aguardei até hoje, pensando que talvez tivesse ocorrido algum contratempo nas obras, e que depois seriam retomadas, mas depois de quase um mês nada foi feito. E a avenida ficou lá, com quase toda a extensão arrumada, ficando, apenas, um pequeno trecho esburacado. Afinal, não haveria (outro) motivo para não completar o serviço. Pelo que eu me lembro, prometeram manter as obras até o dia 31 de dezembro. Devo ter ouvido errado, só pode. Na verdade o que queria dizer era o seguinte: “se a nossa candidata ganhar, aí sim as obras continuarão até o final do ano”. E lá não é o único local. No Santarenzinho a população protestou por causa das obras paradas. Já surgiram, também, os burburinhos de que tem servidor municipal com o salário atrasado.
Como em um campeonato, quando se chega a determinada parte da tabela, você nota que apesar dos esforços, não vai conseguir nada em troca. Para que jogar bem e ganhar as partidas se não há chance de ser campeão? Pelo que parece, é assim que muitos governantes têm pensado. Já que perderam as eleições, o povo que se dane. Para que terminar o mandato? Também, não sei se teria diferença, já que Santarém nos últimos anos pareceu uma cidade abandonada.
O bom é que com isso a população tem a convicção de que fez a escolha certa, não elegendo pessoas descomprometidas com o interesse público. Se o próximo representante agirá da mesma forma só nos resta esperar. A chance será dada e cabe a ele decidir de que lado ficará.
Enquanto isso resta às pessoas torcerem para que o ano acabe logo, passe voando, para que a tormenta acabe e, enfim, Santarém viva um momento melhor. Se ainda o governo atual tinha um saldo positivo com o povo, acabou de perder. E – para ele – não fará diferença, afinal o povo só é lembrado nas vésperas das eleições.