[Editorial do Jornal de Santarém e Baixo Amazonas, na edição de 6 a 12 de setembro]
Hoje, mais um ciclo, para mim, chega
ao fim. Depois de 120 edições do Jornal de Santarém e Baixo Amazonas, finalmente
o nome correspondente ao cargo de ‘Editor-chefe’, aqui ao lado, no expediente,
será trocado. Então eu acho que vale a pena curtir este último suspiro de vida
editorial para contar um pouco sobre tudo o que vivi nesta casa.
Sempre achei interessante como a
vida trilha os nossos caminhos. Quando nos esforçamos, nem que seja um
pouquinho, sempre conseguimos realizar os nossos sonhos. Ou, pelo menos, parte
deles.
Em 2011, pouco tempo após a minha
formatura, fui procurado pelo diretor do JSBA para assumir a vaga de editor-chefe que, no momento, estava precisando de um ocupante. No final da tarde de 29 de abril
de 2011, uma terça-feira, foi quando eu recebi a ligação do jornal, informando-me sobre a vaga. No dia seguinte, eu sentei para conversar sobre o
trabalho com o diretor do jornal. Na verdade nem foi uma conversa. Durou uns três
minutos. Nem apresentei currículo, nem nada.
- Olha, o salário é esse aqui,
mais isso aqui. Vai querer? – disse ele, assim, bem direto.
Falei que pensaria no caso e
depois ligaria para dar a minha resposta. Saí do jornal extasiado de tanta
alegria. Mais do que um bom salário, eu teria a grande chance de realizar um
dos meus inúmeros sonhos: ser editor. Desde os tempos de faculdade sempre
gostei mais de escrever do que falar. Nunca fui muito amigo do Rádio ou
Telejornalismo, mas, sim, do Impresso e Webjornalismo. E ser editor-chefe do jornal
mais tradicional de Santarém não era uma oportunidade que bateria à minha porta
outra vez.
Cheguei em casa, contei a novidade
à minha família, e, à noite, liguei para o diretor do jornal.
- Boa noite. Só estou ligando
para dizer que vou ficar com a vaga. Amanhã passo lá no jornal pra gente
acertar os detalhes.
No outro dia, como combinado, fui até a empresa. Quando cheguei, o diretor não estava. A secretária pediu
para eu esperar. Após alguns minutos, ela retornou, perguntando se eu tinha experiência
como editor.
- Não... sou recém-formado. Tenho
apenas uma noção do que fazer.
Ela pediu para eu acompanha-la
até a redação. Quando entramos, ela me apresentou a equipe e disse:
- Esse aqui é o seu computador. Pode fechar o jornal, ele circula amanhã.
Esse dia, 31 de abril de 2011,
quinta-feira, nunca sairá da minha memória. Foi o dia mais tenso e intenso da
minha vida. Eu, que nunca havia passado mais de três meses em um mesmo
trabalho, que não tinha ideia de como fechar um jornal, enfrentava meu maior
leão profissionalmente.
- Mas eu só vim para falar que
vou ficar com o emprego, não vim para trabalhar! – tentei, em vão, argumentar.
Com a ajuda daquela equipe, e,
principalmente de Deus, no final do dia o jornal estava pronto. Apesar das
feridas causadas pelo feroz leão, no final, eu consegui matá-lo. Admito que
pensei em desistir... mas continuei até hoje matando o meu leão de cada dia, e
convivendo com as quintas-feiras de cão.
Trabalhar neste jornal foi uma
das coisas mais importantes que fiz. E eu só tenho a agradecer a Deus por todo
o tempo que passei aqui, e por todos que contribuíram para que o meu trabalho
ficasse mais fácil, quer dizer, menos difícil. Aos olhos de quem está de fora,
de você leitor, pode parecer que o nosso trabalho seja moleza. Mas para quem
está do lado de cá, as coisas não são tão moles assim.
Fazer jornalismo exige muito mais
do que saber contar uma boa história. Sempre penso o jornalismo como um grande
pilar da sociedade, como uma inesgotável fonte em busca da verdade, visando
sempre – como diz o juramento dos jornalistas - um futuro mais justo e mais
digno para todos os cidadãos. Em muitos casos, a imprensa é a única
aliada da população. É nela que a sociedade vê a esperança de alguma melhora.
Agora imagine a responsabilidade
que um editor-chefe tem. É ele o responsável por tudo o que sai em um jornal.
Se aparecer algum erro, alguma informação trocada, alguma acusação infundada,
alguma mentira deslavada, a culpa é dele. É ele quem tem a missão de ser o
capitão do navio, principalmente quando o perigo de um naufrágio está próximo.
Trabalhar neste jornal fez de mim
uma pessoa muito melhor. Comecei a expandir horizontes que nunca havia
vislumbrado, a analisar ângulos quase invisíveis. Exercitei a minha paciência,
e, também, tive a oportunidade de sentir na pele o peso de uma liderança. E
isso, talvez, tenha sido o meu maior aprendizado. Comandar uma equipe é muito
mais complexo do que parece, principalmente quando você tem metas muito rígidas
a serem alcançadas. E se não forem, a bomba cairá em suas mãos.
Sempre procurei ser amigo de quem
dividia a labuta comigo, orientando, incentivando e sempre disposto ajudar. É
claro que nem sempre foi possível, mas sempre procurei dar o meu melhor. Às
vezes, quando se estabelece uma relação muito próxima, você começa a falhar em
um dos seus papéis, o de cobrar. Puxões de orelhas são necessários. Todo mundo,
vez ou outra, precisa de uma chamada de atenção quando anda meio distraído com
suas obrigações. Minha pior experiência foi ter que demitir um dos integrantes
da nossa equipe. Passei vários dias me preparando para isso, e outros tantos
para tentar superar isso. Foi a sensação mais desumana que vivi, até porque, na
minha visão, não foi um decisão muito justa. Mas, como eu digo, bom é ser patrão,
chefe não. Chefe sempre está num campo de batalha, com dos exércitos em
constante guerra entre ele, patrão e empregados.
Para terminar – ‘o substituto’ já
deve estar desesperado com a minha demora em escrever este texto - queria
agradecer a todos com quem eu tive a oportunidade de dividir experiências. Por
menores que tenham sido, para mim significaram muito. Primeiramente à minha
família, que sempre me deu muita força para continuar firme, aos amigos, pelo
companheirismo, e a quem hoje não se encontra ao meu lado, mas que serei
eternamente grato por tudo que fez. À equipe do JSBA por todo apoio, paciência
e dedicação. À diretoria do jornal pela confiança, por permitir meu horário
flexível e me dar o sábado livre e, principalmente, pelos pagamentos sempre em
dia. E quero agradecer profundamente a você, leitor, que por tanto tempo me deu
a oportunidade de estar ao seu lado, contando novas histórias, relatando fatos
importantes, mostrando a realidade, fosse alegre ou não. Obrigado pela
companhia e por sempre relevar as minhas falhas.
Não sei como será a partir da
próxima semana, quando eu não precisar mais acordar cedo, quase de madrugada
(lá pelas 9h), para vir trabalhar. Quando eu não tiver com quem passar o dia
dando risadas das coisas mais inúteis possíveis. Quando não tiver uma garrafa
de café a dois metros da minha mesa, e quando não tiver alguém para pedir que
pegue o café pra mim, porque está longe. Quando não tiver que passar o dia
ouvindo Bruno e Marrone, Eduardo Costa ou Júlio Nascimento. Quando eu não tiver
alguém para contar as minhas histórias, e ouvir as histórias desse alguém.
Quando eu não tiver que fazer vaquinha pra comprar uma Coca, ou colocar umas
moedinhas no porquinho da confraternização. Quando não sentir vontade de
esganar alguém... enfim, acho que ficarei bem, apesar da saudade que sentirei
de todos, por ter convivido e dividido tantos bons momentos. Seu Júlio, Jô,
Lorena e Seu João, com quem passei mais tempo, obrigado por tudo. Aos outros,
com quem a convivência foi menor, e com quem aprendi tantas coisas, desejo
sempre sucesso. Continuem forte na luta. Ao Ben, meu profundo agradecimento por
ter aceitado o desafio. Ao Raimundinho, pelas missões secretas realizadas. E,
claro, à Rosa, por fornecer todas as manhãs o nosso combustível (café).
Confesso que eu mais bebia do que trabalhava. E claro, a quem já passou por
aqui e, mais do que grandes profissionais, se mostraram grandes amigos.
Carregarei vocês para sempre em meu coração. Aos correspondentes de outros
municípios, obrigado pelo companheirismo e empenho, apesar de sempre darem
bastante trabalho, e entregarem o material quando o deadline já tinha ido pro espaço...
Como este é o meu último
editorial, não queria parar de escrever, para que este momento não tivesse fim.
Mas o meu editor já está meio impaciente, com a barriga roncando de tanta fome,
e não acho que seja justo com ele, afinal já estive na pele dele, e sei que ele
já deve ter pensado em 10 maneiras diferentes de como me matar. E como eu não
quero que isso aconteça, vou ficar por aqui.
Mais uma vez, muito obrigado!
Forte abraço.
Super propaganda do Jornal.
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