segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Último suspiro

[Editorial do Jornal de Santarém e Baixo Amazonas, na edição de 6 a 12 de setembro]


Hoje, mais um ciclo, para mim, chega ao fim. Depois de 120 edições do Jornal de Santarém e Baixo Amazonas, finalmente o nome correspondente ao cargo de ‘Editor-chefe’, aqui ao lado, no expediente, será trocado. Então eu acho que vale a pena curtir este último suspiro de vida editorial para contar um pouco sobre tudo o que vivi nesta casa.
Sempre achei interessante como a vida trilha os nossos caminhos. Quando nos esforçamos, nem que seja um pouquinho, sempre conseguimos realizar os nossos sonhos. Ou, pelo menos, parte deles.
Em 2011, pouco tempo após a minha formatura, fui procurado pelo diretor do JSBA para assumir a vaga de editor-chefe que, no momento, estava precisando de um ocupante. No final da tarde de 29 de abril de 2011, uma terça-feira, foi quando eu recebi a ligação do jornal, informando-me sobre a vaga. No dia seguinte, eu sentei para conversar sobre o trabalho com o diretor do jornal. Na verdade nem foi uma conversa. Durou uns três minutos. Nem apresentei currículo, nem nada.
- Olha, o salário é esse aqui, mais isso aqui. Vai querer? – disse ele, assim, bem direto.
Falei que pensaria no caso e depois ligaria para dar a minha resposta. Saí do jornal extasiado de tanta alegria. Mais do que um bom salário, eu teria a grande chance de realizar um dos meus inúmeros sonhos: ser editor. Desde os tempos de faculdade sempre gostei mais de escrever do que falar. Nunca fui muito amigo do Rádio ou Telejornalismo, mas, sim, do Impresso e Webjornalismo. E ser editor-chefe do jornal mais tradicional de Santarém não era uma oportunidade que bateria à minha porta outra vez.
Cheguei em casa, contei a novidade à minha família, e, à noite, liguei para o diretor do jornal.
- Boa noite. Só estou ligando para dizer que vou ficar com a vaga. Amanhã passo lá no jornal pra gente acertar os detalhes.
No outro dia, como combinado, fui até a empresa. Quando cheguei, o diretor não estava. A secretária pediu para eu esperar. Após alguns minutos, ela retornou, perguntando se eu tinha experiência como editor.
- Não... sou recém-formado. Tenho apenas uma noção do que fazer.
Ela pediu para eu acompanha-la até a redação. Quando entramos, ela me apresentou a equipe e disse:
- Esse aqui é o seu computador. Pode fechar o jornal, ele circula amanhã.
Esse dia, 31 de abril de 2011, quinta-feira, nunca sairá da minha memória. Foi o dia mais tenso e intenso da minha vida. Eu, que nunca havia passado mais de três meses em um mesmo trabalho, que não tinha ideia de como fechar um jornal, enfrentava meu maior leão profissionalmente.
- Mas eu só vim para falar que vou ficar com o emprego, não vim para trabalhar! – tentei, em vão, argumentar.
Com a ajuda daquela equipe, e, principalmente de Deus, no final do dia o jornal estava pronto. Apesar das feridas causadas pelo feroz leão, no final, eu consegui matá-lo. Admito que pensei em desistir... mas continuei até hoje matando o meu leão de cada dia, e convivendo com as quintas-feiras de cão.
Trabalhar neste jornal foi uma das coisas mais importantes que fiz. E eu só tenho a agradecer a Deus por todo o tempo que passei aqui, e por todos que contribuíram para que o meu trabalho ficasse mais fácil, quer dizer, menos difícil. Aos olhos de quem está de fora, de você leitor, pode parecer que o nosso trabalho seja moleza. Mas para quem está do lado de cá, as coisas não são tão moles assim.
Fazer jornalismo exige muito mais do que saber contar uma boa história. Sempre penso o jornalismo como um grande pilar da sociedade, como uma inesgotável fonte em busca da verdade, visando sempre – como diz o juramento dos jornalistas - um futuro mais justo e mais digno para todos os cidadãos. Em muitos casos, a imprensa é a única aliada da população. É nela que a sociedade vê a esperança de alguma melhora.
Agora imagine a responsabilidade que um editor-chefe tem. É ele o responsável por tudo o que sai em um jornal. Se aparecer algum erro, alguma informação trocada, alguma acusação infundada, alguma mentira deslavada, a culpa é dele. É ele quem tem a missão de ser o capitão do navio, principalmente quando o perigo de um naufrágio está próximo.
Trabalhar neste jornal fez de mim uma pessoa muito melhor. Comecei a expandir horizontes que nunca havia vislumbrado, a analisar ângulos quase invisíveis. Exercitei a minha paciência, e, também, tive a oportunidade de sentir na pele o peso de uma liderança. E isso, talvez, tenha sido o meu maior aprendizado. Comandar uma equipe é muito mais complexo do que parece, principalmente quando você tem metas muito rígidas a serem alcançadas. E se não forem, a bomba cairá em suas mãos.
Sempre procurei ser amigo de quem dividia a labuta comigo, orientando, incentivando e sempre disposto ajudar. É claro que nem sempre foi possível, mas sempre procurei dar o meu melhor. Às vezes, quando se estabelece uma relação muito próxima, você começa a falhar em um dos seus papéis, o de cobrar. Puxões de orelhas são necessários. Todo mundo, vez ou outra, precisa de uma chamada de atenção quando anda meio distraído com suas obrigações. Minha pior experiência foi ter que demitir um dos integrantes da nossa equipe. Passei vários dias me preparando para isso, e outros tantos para tentar superar isso. Foi a sensação mais desumana que vivi, até porque, na minha visão, não foi um decisão muito justa. Mas, como eu digo, bom é ser patrão, chefe não. Chefe sempre está num campo de batalha, com dos exércitos em constante guerra entre ele, patrão e empregados.
Para terminar – ‘o substituto’ já deve estar desesperado com a minha demora em escrever este texto - queria agradecer a todos com quem eu tive a oportunidade de dividir experiências. Por menores que tenham sido, para mim significaram muito. Primeiramente à minha família, que sempre me deu muita força para continuar firme, aos amigos, pelo companheirismo, e a quem hoje não se encontra ao meu lado, mas que serei eternamente grato por tudo que fez. À equipe do JSBA por todo apoio, paciência e dedicação. À diretoria do jornal pela confiança, por permitir meu horário flexível e me dar o sábado livre e, principalmente, pelos pagamentos sempre em dia. E quero agradecer profundamente a você, leitor, que por tanto tempo me deu a oportunidade de estar ao seu lado, contando novas histórias, relatando fatos importantes, mostrando a realidade, fosse alegre ou não. Obrigado pela companhia e por sempre relevar as minhas falhas.
Não sei como será a partir da próxima semana, quando eu não precisar mais acordar cedo, quase de madrugada (lá pelas 9h), para vir trabalhar. Quando eu não tiver com quem passar o dia dando risadas das coisas mais inúteis possíveis. Quando não tiver uma garrafa de café a dois metros da minha mesa, e quando não tiver alguém para pedir que pegue o café pra mim, porque está longe. Quando não tiver que passar o dia ouvindo Bruno e Marrone, Eduardo Costa ou Júlio Nascimento. Quando eu não tiver alguém para contar as minhas histórias, e ouvir as histórias desse alguém. Quando eu não tiver que fazer vaquinha pra comprar uma Coca, ou colocar umas moedinhas no porquinho da confraternização. Quando não sentir vontade de esganar alguém... enfim, acho que ficarei bem, apesar da saudade que sentirei de todos, por ter convivido e dividido tantos bons momentos. Seu Júlio, Jô, Lorena e Seu João, com quem passei mais tempo, obrigado por tudo. Aos outros, com quem a convivência foi menor, e com quem aprendi tantas coisas, desejo sempre sucesso. Continuem forte na luta. Ao Ben, meu profundo agradecimento por ter aceitado o desafio. Ao Raimundinho, pelas missões secretas realizadas. E, claro, à Rosa, por fornecer todas as manhãs o nosso combustível (café). Confesso que eu mais bebia do que trabalhava. E claro, a quem já passou por aqui e, mais do que grandes profissionais, se mostraram grandes amigos. Carregarei vocês para sempre em meu coração. Aos correspondentes de outros municípios, obrigado pelo companheirismo e empenho, apesar de sempre darem bastante trabalho, e entregarem o material quando o deadline já tinha ido pro espaço...
Como este é o meu último editorial, não queria parar de escrever, para que este momento não tivesse fim. Mas o meu editor já está meio impaciente, com a barriga roncando de tanta fome, e não acho que seja justo com ele, afinal já estive na pele dele, e sei que ele já deve ter pensado em 10 maneiras diferentes de como me matar. E como eu não quero que isso aconteça, vou ficar por aqui.
Mais uma vez, muito obrigado! Forte abraço.

Super propaganda do Jornal.

Um dia normal de trabalho...

Outro dia normal de trabalho...

Vaquinha pra cortar a juba

Homenagem do Banco da Amazônia

Homenagem do Corpo de Bombeiros 

Ensaio Fotográfico I

Ensaio Fotográfico II
Ensaio Fotográfico III

Protesto #ogiganteacordou

Jogo do Brasil na Copa das Confederações

Churrasco com o povo do jornal

Outro povo do jornal