A morte. Um abraço.

Tem coisas que acontecem em nossas vidas que não têm explicação. Simplesmente acontecem e pronto. Não há nada que possa ser feito para mudar isso. É só respeitar, aceitar e tocar o barco adiante. Mas nem sempre, ou melhor, nunca isso é fácil. Milhares de pensamentos vêm à cabeça. Centenas de possibilidades que poderiam ter mudado as coisas. No entanto, pensar assim só faz piorar a situação.

Um pequeno filme mostra rapidamente todos os momentos mais marcantes que passamos ao lado de quem partiu. As alegrias, os choros... E o que mais machuca, saber que a partir daquele momento, o máximo que teremos serão as recordações. A memória passa a ser nossa melhor amiga, com quem lutamos todo dia para que nunca nos abandone e nem apague nada do que vivemos.

Hoje a minha manhã não foi nada boa. Infelizmente, foi pior ainda para muitas outras pessoas. Pessoas que a partir deste momento serão obrigadas a conviverem com um vazio dentro de si. Pessoas que terão apenas lembranças de quem amaram. E isso terá que ser o bastante. Só isso que resta agora.

Recebi uma ligação que provocou todo este mal estar em mim. Estava tomando meu café da manhã - meio tarde eu confesso - quando meu telefone tocou. A primeira notícia que escuto foi a de um ônibus que, sem controle, matou três pessoas. A outra notícia foi sobre a morte da avó da minha amiga. No mesmo dia, na mesma manhã...


O pior é saber como comportar nessas horas. Nunca as palavras saem. Na verdade nem sei o que falar. Ou, o que é pior, sempre falo o que não devo. Então já decidi, abro minha boca só para dar um sorrisinho amarelo. Além disso só um forte abraço e um carinho de leve na cabeça.

É incrível como que a morte mexe com as pessoas – pelo menos comigo. Apesar de eu nunca ter conhecido essas pessoas, me dói o coração saber que seus entes queridos não terão mais a sua companhia. Neste momento começamos a pensar em nossa vida. Pensar em quem amamos. E pensar em viver cada dia como se fosse o último...

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