Viver cada dia como se fosse o último

Acho que essa é uma das frases mais faladas e conhecidas. Até parece que quando uma pessoa não tem nada para falar sobre si, é isso que usa. “Vivo cada dia como se fosse o último”. Para mim, não tem besteira pior. Já pensou? Hoje ser o último dia de sua vida? Que coisa mais triste.

Bom, se eu soubesse que hoje seria o meu último dia, nem tenho ideia do que faria. A única certeza que tenho é de que não ficaria feliz. Não mesmo! Muito pelo contrário, a tristeza tomaria conta de mim. E os meus sonhos? Como vou realizar? Morro amanhã. Tantos planos... Posso esquecer, morro amanhã. Casar? Não dá tempo. Filhos e netos? Nunca vou ter. Estudar? Pra que? Trabalhar? Nem pensar... Escrever pro ‘brog’? Até parece.

Acho que minha cabeça daria um nó. Não ia querer comer, dormir, nem tomar banho. Não poderia perder meus últimos momentos de vida com essas coisas. E a minha namorada? Minha família? Meus amigos? O que eu faria? Não sei. Só sei que não restaria tempo, nem cabeça para viver intensamente. “A morte tá chegando... A morte tá chegando...”. Que negócio louco deve ser, né? Ia me sentir dentro daquele tão brilhante filme, que eu tanto gosto: ‘premonição’

Depois surgiriam as ideias bacanas. Como será que eu vou morrer? Ataque cardíaco? Acho que sou novo para isso. Mas certamente um bom amigo, para me acalmar, falaria: “para a morte não tem idade”. Poderia morrer de preguiça. Bom, se preguiça matasse, com certeza, não estaria mais aqui escrevendo esta super postagem. E se morresse explodido? Não, não. Santarém é a cidade mais segura do Brasil, seria muito azar de acontecer um ataque terrorista bem aqui. Se bem que comigo na cozinha, não precisaria de nenhum ataque. Eu sou um verdadeiro terror. Já consegui fazer uma panela pegar fogo, não me surpreenderia de ler (não sei como) na sexta-feira seguinte, no Jornal de Santarém, a seguinte manchete:

Joab Ferreira | 1989 – 2011

Soube viver (e morrer) intensamente

As chamas foram tão intensas que, em segundos, só restaram as cinzas

Também poderia ser atropelado por um ônibus. Atingido por uma bala. Envenenado... Sei lá. Passaria meu último dia trancado no quarto, chorando largado, com medo da própria sombra. A sorte é que não sou agoniado nem curioso, senão estaria torcendo para as horas passarem logo só para ver se morreria mesmo.

Acho que o legal mesmo seria viver como se fosse o primeiro dia, porque teria a certeza de que sempre haveria outro para aproveitar e fazer tudo o que tivesse vontade. Quer ver? Garanto que os primeiros dias são, em geral, melhores que os últimos.

Faculdade, namoro, férias, trabalho... Quando entramos na facul tudo é festa. Até quando não tem aula queremos estar lá. Vai chegando os últimos anos e a coisas mudam. Trabalhos, provas e demais obrigações a gente nem quer saber. Só vai para aula quando tem que apresentar alguma coisa ou quando a galera marca de sair depois.

Namoro é aquela maravilha no começo, todos apaixonadinhos. O namorado leva chocolates, flores. A namorada se arruma e não cansa de fazer carinhos... Vai ver os últimos dias de um namoro. É um xingando o outro, um cobrando o outro, um querendo matar o outro...

Começo de férias é uma maravilha. Fica todo animado, planeja fazer um monte de coisas, conhecer um monte de gente, viajar a um monte de lugares. Chega no final e você só se decepciona. Não fez nada. O único passeio que fez foi para o cafundó do Judas com a sua família buscapé. Com o carro quebrando a cada 10km e o cachorro vomitando no seu pé. Não vê a hora de voltar para sua rotina e se livrar dessas férias.

No trabalho quer mostrar o seu valor. Está todo animado com a empresa. Acredita em todas as promessas que fizeram, se ilude... Nos últimos dias só falta tacar fogo em tudo, inclusive no chefe.

Para quem, apesar de tudo, pensa assim, deixo uma frase bem profunda: “viva cada dia como se fosse o último. Um dia você acerta”.

Abraços.