Dar presentes

 Como uma tarefa que parece simples, pode causar tanta dor de cabeça?

Ah, que coisa boa é presentear, né? Claro! Passar dias atrás de um presente, criar bolhas nos pés e ficar com uns trocados a menos no bolso é uma maravilha. Mas, sem dúvida, todo nosso esforço vale a pena. Não vou negar que, às vezes, fico com um pouco de aperto no coração de comprar certas coisas. 

“Bem que eu poderia ficar com esta camisa, né? Compro uma mais barata depois”. Ou “que carrinho de controle remoto bacana! Nunca tive um desses e, pensando bem, acho que ele nem gosta dessas coisas, prefere um skate ou um celular”, são frases que já passaram pela minha cabeça.

Em compensação, para certas pessoas você nem se importa em gastar todo o dinheirinho que, com muito suor e sacrifício, conseguiu juntar. Parece até – como diz a namô – que está cagando dinheiro. Na verdade você está é cagando para o dinheiro. Nem pensa se mês que vem vai ter que empurrar o carro ou deixar de tomar o tão delicioso milkshake por ter gastado todo o dinheiro e contraído dívidas pelos próximos meses. O que interessa é agora.

Só o fato de você receber aquele sorrisinho lindo, de orelha a orelha, ao dar o presente, tudo fica numa boa. E ai da pessoa se não gostar... Segundo umas pesquisas aí, ao vermos uma pessoa sórrindo (sic) é ativado o córtex orbito-frontal, localizado à frente do cérebro, entre nossos olhos (garanto que tem gente tentando ver ele). Essa ativação transforma o prazer do outro em prazer próprio, principalmente se somos a causa dessa alegria.

Pois é, e fica melhor quando vemos a felicidade no rosto do outro e resolvemos imitá-lo. Graças aos neurônios-espelho no córtex pré-motor abrimos aquele sorrisão e respiramos aliviados. Fazer o bem, sem medir esforços, nos dá um prazer sem medida. 

Mas, para chegarmos na hora da recompensa demora. E muito! A escolha é a parte mais difícil.

Isso também depende muito de quem vai ser o presenteado. Tem gente que um bombom ou um palito de picolé enfeitado já são o bastante. Mas, outros, se tornam mais exigentes, às vezes por serem simples demais. Estranho? Não. Tenta dar alguma coisa para alguém que acha que não precisa de nada...

Você pensa em dar um sapato, mas aí já imagina a resposta da pessoa, ao ganhar o presente.

- Bonito. Obrigado, viu? Mas não precisava. Eu nem uso sapatos assim. São quentes. E também dão chulé. Nem o cachorro aguenta ficar cheirando depois...

Um chinelo?

- Mas eu ainda estou usando este aqui. Ontem ele arrebentou, só que é tão bom, já faz tanto tempo que tenho ele. Coloquei um preguinho aqui embaixo. Agora vai durar até acabar...

Cinta?

-Olha só, pareço até peão agora. Falto só uma fivela e uma bota. Acho que nem entra em mim, foi feito pra gente magra, mas como eu sou forte nem cabe.

CD de música?

- Nossa, que chique. Nem sabia que ainda vendiam CD. Agora com a tecnologia e a internet, ninguém mais compra, é só baixar pela internet, de graça.

É. Neste mês de tantas ocasiões especiais, dezembro, minha cabeça só falta explodir de tanto tentar encontrar o presente ideal. Pensa, pensa, pensa... Procura, procura, procura... Aí quando parece que tudo está caminhando bem, quando já tem quase certeza de que aquilo vai ser o presente mais adequado, você junta uma palavra a outra, lê as entrelinhas e vê que, de fato, você está mais perdido que cego em tiroteio.

O engraçado é que as pessoas mais difíceis de presentear são aquelas que, não sei como, acham que são as mais fáceis de serem presenteadas. Eu já tinha um belo exemplo desse tipo de pessoa. Raramente você acerta na escolha. Na hora parece até ter agradado, mas depois de um tempo você percebe a realidade. Depara com os seus presentes jogados pelo forro da casa, guardado no fundo de um baú ou no corpo de outra pessoa.

Bom, minha parte eu fiz. O pior é que ainda colocam a culpa na gente, dizendo que o presente não era bom ou que não fazia o tipo dele...

Não bastasse este belo dificultador de presentes, agora me deparo com outra realidade. É... Sorte a minha. Encontrei mais uma pessoa assim. É claro que esta não vai jogar meus presentes fora (eu acho), mas vai arrumar um jeito de me enrolar.

Assim, o que eu acho legal é que ela ainda me dá umas dicas do que quer ganhar, entretanto, cá entre nós, está mais para presente de grego. Bom, sei de algumas coisas que ela gostaria de ganhar, só que, dada as circunstâncias, não me atrevo.

Infelizmente não posso escrever muita coisa aqui porque a pessoa vai ler e ainda o Natal não passou. Depois que os presentes forem entregues, eu conto os detalhes. Terei muito sobre o que escrever... É difícil segurar os dedos para não escreverem tudo o que eu quero, no entanto é o mais prudente a fazer.

Boa sorte nos presentes de Final de Ano. Abraço!