No final de semana retrasado, tive a oportunidade de passar bons momentos em Pindobal, e, também, tomar um refrescante banho em um igarapé – do qual não sei o nome - que fica em Iruçanga (creio ser assim que se escreve).
Após algum tempo em que eu estava
lá aproveitando o paraíso intocado com alguns amigos, chegou um guia turístico,
acompanhando um casal vindo da capital amazonense. Após as apresentações e
conversas iniciais, ele foi questionado sobre o movimento de turistas nos
últimos dias, principalmente no que diz respeito à praia de Alter do Chão.
Ele contou que o fluxo caiu de
forma acentuada. Naquele igarapé em que estávamos, por exemplo, que recebia
dezenas de visitantes por dia, agora é um ou outro que aparece. Os guias de
Alter do Chão estão parados, sem público para atender. O motivo disso, claro, é
o fato de se constatar vários casos de hepatite na principal praia de Santarém.
O guia ficou enfurecido com o
médico do posto de saúde, afinal foi ele quem revelou o grave problema à
sociedade. Segundo o guia, isso é coisa que sempre aconteceu e não era agora
que teria que ser revelado ao público. Poderia muito bem continuar como sempre
foi.
A pura verdade é que não é apenas
o guia que pensa dessa forma. Nossas autoridades, os integrantes que movem as
engrenagens do turismo regional e até os próprios moradores preferiam que o
problema não fosse revelado.
E é incrível isso. O maior
patrimônio turístico santareno está sendo dilacerado ano após ano e parece que
ninguém está nem aí para isso. O maior potencial que Santarém tem para se
desenvolver e ser, de fato, importante para a região Norte é investir no
turismo e preservar seus preciosos tesouros naturais. Mas, quase
inacreditavelmente, isso não acontece. Esgotos continuam sendo jogados na água
que banha o turista e o não turista. Lixo continua sendo descartado sem a menor
preocupação, em qualquer lugar...
Mas o mais absurdo é que, quando
alguém faz o seu trabalho, este é o vilão. Em vez de as pessoas pararem para
pensar no que está acontecendo em Alter do Chão, culpam o médico, que detectou
o problema, e a imprensa, que alertou a população sobre os riscos.
Para ver o absurdo, o vereador
Luiz Alberto (PP), em seu pronunciamento na Câmara, semana passada, considerou que
houve exagero quanto à divulgação do possível surto de hepatite na vila
balneária. Ele acredita que ao fazer isso, o município foi penalizado, já que o
número de turistas sofrerá grande redução.
Em vez de fazer o
trabalho dele, e cobrar do prefeito, ou dos secretários responsáveis uma
atuação mais eficiente, ele reclama da imprensa.
Como todos sabem, de
fato, esse problema é antigo em Alter. Na verdade, desde sempre, já que nenhum
dos governantes locais teve a preocupação e capacidade para salvar o maior
patrimônio natural dos santarenos. E, se nada for feito, futuramente o Tapajós
não passará de um Tietêzão.
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