terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Hepatite em Alter do Chão: esconder ou resolver?


No final de semana retrasado, tive a oportunidade de passar bons momentos em Pindobal, e, também, tomar um refrescante banho em um igarapé – do qual não sei o nome - que fica em Iruçanga (creio ser assim que se escreve).
Após algum tempo em que eu estava lá aproveitando o paraíso intocado com alguns amigos, chegou um guia turístico, acompanhando um casal vindo da capital amazonense. Após as apresentações e conversas iniciais, ele foi questionado sobre o movimento de turistas nos últimos dias, principalmente no que diz respeito à praia de Alter do Chão.

Ele contou que o fluxo caiu de forma acentuada. Naquele igarapé em que estávamos, por exemplo, que recebia dezenas de visitantes por dia, agora é um ou outro que aparece. Os guias de Alter do Chão estão parados, sem público para atender. O motivo disso, claro, é o fato de se constatar vários casos de hepatite na principal praia de Santarém.

O guia ficou enfurecido com o médico do posto de saúde, afinal foi ele quem revelou o grave problema à sociedade. Segundo o guia, isso é coisa que sempre aconteceu e não era agora que teria que ser revelado ao público. Poderia muito bem continuar como sempre foi.

A pura verdade é que não é apenas o guia que pensa dessa forma. Nossas autoridades, os integrantes que movem as engrenagens do turismo regional e até os próprios moradores preferiam que o problema não fosse revelado.

E é incrível isso. O maior patrimônio turístico santareno está sendo dilacerado ano após ano e parece que ninguém está nem aí para isso. O maior potencial que Santarém tem para se desenvolver e ser, de fato, importante para a região Norte é investir no turismo e preservar seus preciosos tesouros naturais. Mas, quase inacreditavelmente, isso não acontece. Esgotos continuam sendo jogados na água que banha o turista e o não turista. Lixo continua sendo descartado sem a menor preocupação, em qualquer lugar...

Mas o mais absurdo é que, quando alguém faz o seu trabalho, este é o vilão. Em vez de as pessoas pararem para pensar no que está acontecendo em Alter do Chão, culpam o médico, que detectou o problema, e a imprensa, que alertou a população sobre os riscos. 

Para ver o absurdo, o vereador Luiz Alberto (PP), em seu pronunciamento na Câmara, semana passada, considerou que houve exagero quanto à divulgação do possível surto de hepatite na vila balneária. Ele acredita que ao fazer isso, o município foi penalizado, já que o número de turistas sofrerá grande redução.

Em vez de fazer o trabalho dele, e cobrar do prefeito, ou dos secretários responsáveis uma atuação mais eficiente, ele reclama da imprensa.

Como todos sabem, de fato, esse problema é antigo em Alter. Na verdade, desde sempre, já que nenhum dos governantes locais teve a preocupação e capacidade para salvar o maior patrimônio natural dos santarenos. E, se nada for feito, futuramente o Tapajós não passará de um Tietêzão.

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