Em um sítio muito, muito distante de tudo, morava um garoto franzino e solitário de 15 anos. Seu nome era Nerso. (Na verdade esse não era o nome dele, mas como isso não vai fazer diferença, será chamado assim). As únicas companhias dele, além dos seus velhos e rígidos pais, eram os animais que ele cuidava na fazenda. Seus amigos eram o seu cão Xibento e o seu cavalo Relâmpago Azul.
Todos os dias levantava bem cedo, antes mesmo de o sol nascer, para cuidar dos afazeres rurais. Tudo dependia dele. Pegava o milho no paiol, debulhava e jogava às galinhas. Alimentava os porcos e também limpava a merda deles. Um cheiro muito agradável para sentir a essa hora do dia, sem ainda nem ter tomado o café matinal.
Depois pegava a sua companheira inseparável: a enxada. A ferramenta já acompanhava Nersinho há anos. As mãos do rapazote nem reclamavam mais dos calos que surgiam. Também, de nada iria adiantar.
Ele caminhava cabisbaixo, quieto e lentamente. Quem olhava aquela figura, de forma alguma poderia imaginar a tempestade de pensamentos que formava em sua cabeça. Afinal não era isso que ele queria para a sua vida, apesar de não conhecer outra realidade a não ser aquela.
O pobre, desde que começou a andar, foi ensinado a ajudar seus pais. Na verdade era atribuída a ele uma responsabilidade maior do que poderia carregar. Todos os seus desejos, sonhos e vontades nunca tiveram a chance de brotar.
O único contato com outras pessoas era quando ele se deslocava para a cidadezinha mais próxima, Pardagalha. Uma vez por mês montava em seu cavalo, e acompanhado do Xibento, começava a cavalgada que duraria algumas horas até Pardagalha para realizar todos os pedidos de seus pais.
Tinha que pagar as contas da casa, comprar alimentos, remédios para a pressão alta da mãe e pomada para as hemorróidas do pai, ração para as codornas, coelhos e porcos. Também precisava arrumar alguns equipamentos para a manutenção do sítio.
E assim tocava os dias.
X-X-X
Em breve publicarei as outras partes de “O Caipira”
Curiosa...
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