- Qual a sua cor.
Eu olhei para os meus braços,
refleti um pouco e disse:
- Não sei. Que cor a senhora acha que eu tenho?
- Não posso te ajudar. Você que
deve dizer qual a cor que você se considera, não posso interferir – respondeu a
senhora.
Pensei mais um pouco...
- Olha... não sei... tô meio
amarelado... precisando de um sol... acho que sou amarelo... é, acho que é
isso... sou amarelo.
- Tudo bem, vou colocar ‘branco’
aqui.
É claro que eu não disse para a
senhora que eu sou daltônico e, por isso, precisava de uma ajudinha...
Na hora do almoço, em casa,
contei o episódio aos meus pais e ao meu irmão. Discutimos o assunto, mas não
chegamos a uma conclusão. Afinal cada um tem a sua verdade e não abre mão. Eu estava
insatisfeito com o fato de ser considerado branco, por não ser literalmente
branco. Nem o meu sorriso é branco, é meio amarelado, igual a mim.
Fiquei com isso (e estou até
agora) na cabeça. Procurei o amigo Google para ver se ele me tirava a dúvida. E,
por meio dele, encontrei a definição de cores estabelecida e utilizada pelo
IBGE. No entanto, a definição é tão sucinta que sempre vai me ressuscitar a
dúvida. A explicação é a seguinte:
“COR OU RAÇA É: Leia as opções de cor ou raça para a pessoa e considere aquela que for a declarada. Caso a declaração não corresponda a uma das alternativas enunciadas no quesito, esclareça as opções para que a pessoa se classifique na que julgar mais adequada. Assinale a quadrícula, conforme o caso:
1 - BRANCA - para a pessoa que se enquadrar como branca;
2 - PRETA - para a pessoa que se enquadrar como preta;
3 - PARDA - para a pessoa que se enquadrar como parda ou se declarar mulata, cabocla, cafuza, mameluca ou mestiça;
4 - AMARELA - para a pessoa que se enquadrar como amarela;
5 - INDÍGENA - para a pessoa que se enquadrar como indígena ou se declarar índia;
Esclareça à pessoa, quando necessário, que a classificação amarela não se refere à pessoa que tenha a pela amarelada por sofrer de moléstia como empaludismo, malária, amarelão, etc. A classificação Indígena aplica-se aos que vivem em aldeamento como, também, aos indígenas que vivem fora do aldeamento.”
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Li. Adiantou de nada. É
aquela coisa, eu sou da cor que me considerar, mas se eu me considerar de uma
cor diferente da que sou, não posso ser considerado da cor que eu acho que sou.
Bom, vou tentar
esclarecer a minha dúvida. Deixa eu perguntar para minha colega de trabalho.
- Hei, Fulana, qual é a
minha cor?
- Você é branco, pô. Tem
nem o que discutir.
- Tem certeza? Não sou
meio amarelado?
- Tá doido?! Você é
branco. Só tem branco, pardo e preto. Pardo e preto você não é.
- Qual a sua cor?
- Eu sou parda.
- Tá bem... obrigado.
Passou algum tempo. Continuei
refletindo sobre isso.
- Hei, Beltrana, e o
Ronaldo Fenômeno, qual a cor dele?
- Branco.
- Branco?!
- É.
- Mas ele tem cabelo de
preto.
- Então quer dizer que
se um negão tiver o cabelo loiro ele vai ser branco?!
- Não sei... não quero
saber do negão. Só quero saber qual a minha cor.
Passou mais algum
tempo...
- Hei, Cicrana, qual a
minha cor?
É filhão, você realmente é branco.
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