Julho sempre foi sinônimo de férias. Sempre, até a gente se tornar grande e assumir responsabilidades que não permitem mais que isso aconteça.
Quinta-feira,
quando eu estava voltando para casa, na hora do almoço, comecei a lembrar do
tempo em que eu era estudante. É engraçado como a gente consegue lembrar cada
detalhe que, na época, parecia insuportável. Apesar de sempre ter sido um bom
aluno, nunca gostei muito de escola. Nas primeiras séries eu ia chorando. Só
ficava na sala se, através da janela, eu visse a minha mãe. O tempo foi
passando, fui me acostumando à ideia, mas, mesmo assim, não nutria grandes
amores pela escola. Acho que até por isso eu me esforçava tanto para conseguir
boas notas e passar direto. Seria tortura demais ter que perder um bom tempo
das minhas férias preso em uma sala de aula.
Até
hoje eu sei exatamente o cheiro que tinha o prédio em que eu estudei a 4ª
série. De vez em quando me vem à lembrança tudo o que eu passei naquele local.
Lembro que eu sempre estudava muito para as provas. E quando achava que não ia
conseguir tirar uma boa nota, caía no choro. Não raramente, eu passava a noite
chorando. Mas isso não durou muito tempo. Lá pela 6ª série eu tirei a minha
primeira nota vermelha. Em Português, matéria que eu sempre prestei atenção.
Depois daí eu não fui o mesmo. É claro que continuei sendo um bom aluno, no
entanto eu comecei a perceber que havia coisas mais interessantes na escola do
que só estudar.
A
minha grande mudança foi quando cheguei ao ensino médio. Lá, sim, eu passei por
uma revolução. Deixei de ser aquele moleque do sítio, todo quietinho, com o
cabelo lambido de vaca, para ser alguém mais... autêntico.
Ao
chegar à universidade eu passei por outro ‘upgrade’. Ali eu comecei a conviver
com pessoas das mais distintas realidades. Era uma mistura de gente jovem com
gente experiente. De gente frustrada com gente sonhadora. Um recorte de mundo
que me fez crescer e amadurecer. Lá, também, sempre fui um bom aluno. Só depois
da metade do curso que eu dei uma relaxada e acabei não me dedicando tanto
quanto deveria. Mas, valeu.
Depois
que a gente sai da universidade, tudo o que deseja é conseguir o primeiro
emprego. A ideia de ser independente, de começar a construir a própria vida, de
poder ter os próprios recursos, acaba invadindo a gente de tal maneira que fica
difícil pensar em outra coisa. Você já começa a pensar em comprar um carro, a
trocar de celular, a sair de casa... e esse ciclo nunca vai parar. A partir do
momento em que você der o primeiro passo, vai ver que as circunstâncias vão exigir
que você dê o segundo, o terceiro... quando se der conta, já vai estar lá no
meio do caminho, apenas sobrevivendo, perdido em meio a tantos pensamentos, e
sem saber o que fazer.
É aí
que você vai tentar se lembrar de quem você era, dos sonhos que tinha, e de
como chegou até ali... é aí que você, num dia de chuva, quando estiver voltando
para casa, vai se recordar do tempo em que era apenas uma criança. Em que o
mundo era todo colorido e grande o suficiente para abrigar todos os seus
sonhos. É aí que você vai se tocar que julho não significa mais nada para você.
Que você já não tem aquela liberdade de chutar os seus problemas como se fossem
uma bola de futebol, ou ver o seu maior desejo ganhar vida no céu, como se
fosse aquela pipa que por tanto tempo te acompanhou... é aí que alguém vai
virar para você, com os olhos cheios de lágrima, e dizer: “é, amigo... o tempo
passa”.
Pois é Jô,tbm digo o mesmo ,o tempo jamais volta,mas as lembranças da infância e juventude ,é nosso tesouro quando ela bater abra o baú das lembranças escondidas e vivas as de novo.Relembrar também é viver e viver é amadurecer ahahahah!
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