segunda-feira, 22 de abril de 2013

A história indígena do Brasil




Por muitos anos a história indígena do Brasil ficou reservada apenas à época da colonização, e antes dela. Após isso os povos que habitaram (e habitam) as matas, vales e montanhas do nosso território, deixaram de ser lembrados, como se não existissem mais. Mantiveram-se vivos, somente, em livros que os tratam ora como puros, ora como selvagens. Muitas pessoas, por isso, até imaginam que eles fazem parte do folclore brasileiro. Mas esporadicamente são lembrados, geralmente por conta de alguma confusão ou conflito. Agora, no dia deles, 19 de abril, também são lembrados.

Por meio de estudos realizados nas últimas décadas, novos fatos – ou nem tão novos assim – colocam em dúvida tudo aquilo que foi ensinado sobre os índios nas escolas brasileiras. Diversos pesquisadores começaram a refutar as ideias já cristalizadas sobre esse longo período da história do Brasil.

O que a história tradicional mostra é que os índios viviam em perfeita harmonia com os seus semelhantes e a natureza, sobrevivendo de modo sustentável e em paz. E isso foi alterado por conta da chegada dos europeus, que dizimaram a população indígena com seus armamentos muito mais desenvolvidos e por meio da transmissão de doenças, desconhecidas até então pelos nativos.

REVELAÇÕES

O livro escrito pelo jornalista Leandro Narloch traz fatos relevantes e surpreendentes sobre esse período. Segundo as pesquisas apresentadas pelo autor, os massacres começaram bem antes da chegada dos portugueses. Os próprios habitantes do período pré-colonial adoravam uma guerra.

Os índios Tupi-Guaranis, que se localizavam originalmente na Amazônia, foram obrigados a se deslocarem rumo ao sul, por conta de alguma dificuldade encontrada no local de origem, talvez uma grande seca. Durante o percurso esses índios se depararam com outras etnias, que foram massacradas, exterminas ou, as que tiveram sorte, migraram para lugares mais distantes.

Segundo as pesquisas, em 1500, quando os portugueses chegaram, a nação Tupi, dividida em diversas tribos, se expandia pela Amazônia, passando pelo Nordeste até São Paulo. Para tal expansão ocorrer, muitas disputas entre si e outras etnias, foram realizadas.

Os povos indígenas não são todos iguais, assim como os brasileiros são diferentes dos argentinos e dos japoneses. A expressão européia de índio, usada para designar a população local das terras a serem desbravadas, cria a falsa ideia de que todos os povos formam uma única nação, de uma mesma etnia e cultura. Na época da chegada dos europeus, eles viam os visitantes com os mesmos olhos desconfiados e alertas que viam seus povos inimigos e matavam ambos, quando preciso, com a mesma fúria. A guerra fazia parte do calendário indígena, salvo exceções. Para algumas etnias, matar garantia acesso ao paraíso.

SOBERANOS?

A realidade dos navegadores, à época, não era essa moleza apresentada pelos livros escolares. Os portugueses não reinavam soberanos e absolutos nos lugares em que desembarcavam. Devido ao longo período dentro das embarcações, cruzando oceanos, eles chegavam ao seu destino com a saúde muito abalada, sendo presas fáceis. Ainda mais em lugares onde as histórias que reinavam colocavam medo em muitos marmanjos.

Em relatos feitos por Américo Vespúcio, em 1501, conta que a sua tripulação passou por apuros quando ancoraram na costa do Rio Grande do Norte. O livro de Leandro Narloch mostra que quem ousou, naquela ocasião, a desembarcar e caminhar pela mata, não voltou mais. Três dias depois, índias, nuas, apareceram na praia onde a embarcação estava. Os marujos que se aproximaram foram subitamente mortos por elas. Logo depois saíram das matas outros índios, que estavam escondidos, lançando um número sem fim de flechas em direção aos barcos. O próprio navegador já foi obrigado a sair às ruas, em outras conquistas, e pedir por comida para não morrer de fome.

TRAÇANDO O PRÓPRIO FIM

Não se pode negar, também, que com a chegada dos portugueses o cenário se transformou. Agora os índios passariam a ter um aliado muito importante nas futuras guerras. Os europeus faziam alianças com os caciques em troca de proteção e paz, haja vista que o número de portugueses que desembarcava no Brasil era irrisório se comparado à população indígena. Os índios ofereciam prisioneiros - às vezes até os próprios parentes – em troca de mercadorias. Os recém-chegados aceitavam a troca com o discurso de que se não fizessem, os presos seriam torturados e mortos pelos seus capturadores.

As próprias ondas de exploração rumo ao interior do país só foi possível ao apoio indígena, que tinha muito mais características Tupi do que européia. Então o extermínio e escravidão dos índios aconteceram, em grande parte, por conta dos próprios indígenas que ofereceram apoio militar e guarda constante aos estrangeiros. 

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