domingo, 25 de janeiro de 2015

Obrigado pela paciência, Senhor


Banheiro de festa a gente sabe como é, né? Uma nojeira. O chão alagado numa mistura de água, urina e vômito. O lixo transbordando de papel sujo.

Mas, beleza. O pior não é nem isso. O pior são as pessoas que usam o ambiente.

Sábado eu fui a uma formatura. Lá pelas tantas da madrugada, na minha décima viagem ao mijadouro, protagonizei a cena que rendou este texto.

Ao chegar ao banheiro, três homens ocupavam os três únicos locais destinados ao descarregamento urinário (sempre tem aqueles que fazem no chão, mas não sou destes).

Como não queria ver a instrumentária de nenhum dos marmanjos, e respeitando o manual de convivência banheirística, fiquei à porta, esperando que uma das vagas fosse desocupada.

Não demorou muito, um caboclo vem, finge que não me vê, e entra no banheiro, quase acochando um dos três que ali mijavam. Assim que o cara terminou o serviço, ele prontamente assumiu o local. Segundos depois, outro cidadão vem e repete a cena que o anterior acabou de protagonizar.

Eu fiquei na minha, calado, tentando não esquentar a cabeça com a falta de etiqueta dos jumentos.

Depois de o segundo mijador finalizar o serviço, ele veio até mim, que ainda estava no mesmo local, e falou:

- Parabéns pela sua paciência. É uma ótima qualidade. Você tem que agradecer muito ao seu pai por ter te criado assim.

Eu ouvi aquilo quase não acreditando.

O cara passa à minha frente, faz o que tem que fazer, e ainda vem até mim para parabenizar pela paciência. É muita cara de pau, né?

Eu olhei pra ele e, no meu último milésimo de paciência, esbravejei:

- Vaaaaza!

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