Em 2010, por meio da Lei nº 12.305/10, foi instituída a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) no Brasil, que determinava, inicialmente, entre outras coisas, o fim dos lixões tão comuns no país até 2 de agosto de 2014. No entanto, apenas 40% dos municípios cumpriram a meta. A maior parte concentrada no Sul e Sudeste.
Somente em 2013 foram gerados 76 milhões de toneladas de resíduos sólidos. Uma quantidade impressionante de lixo, não? E, pior ainda, é saber que boa parte desse total é destinada na natureza, em lixões a céu aberto, sem qualquer tipo de tratamento ou cuidado. Esse desleixo traz consequências irreversíveis para a natureza e, consequentemente, para o homem. Além do risco de doenças - como procriação de mosquitos responsáveis pela transmissão da dengue e proliferação de vetores de outras doenças - o chorume infiltra no solo e pode contaminar o lençol freático.
Estranho é ver que na segunda década do século 21 o lixo ainda é um problema enorme para o Brasil, enquanto que em países desenvolvidos o lixo passou de problema para solução. A Noruega, por exemplo, importa lixo de outros países para suprir as demandas das usinas de energia elétrica e térmica. Para nós, brasileiros, é quase impensável importar lixo. Em outros locais, o lixo movimenta usinas de reciclagem e de biogás ou se transforma em CDR (Combustível Derivado de Resíduo) e biofertilizante.
A construção civil gera um desperdício anual superior a 42 milhões de toneladas. Onde não há tecnologia para processar esse entulho e deixá-lo pronto para o reuso, ele é despejado na natureza, em terrenos baldios, encostas de morros e beiras de rios e igarapés.
Enquanto a mentalidade da sociedade brasileira não mudar, vamos continuar vivendo no século 21 como se estivéssemos no século 18. Resta saber quanto tempo mais a natureza vai suportar.
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Arte: Revista Galileu/Editora Globo |
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