A modalidade, apesar de recente no município, tem agradado os praticantes. “A ideia é estimular a população a ter essa vontade de conhecer os ambientes do meio físico aqui da região, que são muito bonitos. Quem não conhece Santarém, por exemplo, fica encantado quando a visita. E parte dessa beleza toda é a geologia, é a geomorfologia, é o relevo do lugar. A intenção é fazer com que seja uma prática na população. Fazer trilhas, conhecer, explorar esses ambientes”, explica a pesquisadora da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), Deize Carneiro.
O Geoturismo passou a ganhar destaque no Brasil a partir dos
anos 90. E assim como o Ecoturismo, busca um turismo sustentável. O que há de
diferente é que o Ecoturismo valoriza os ambientes bióticos (fauna e flora), enquanto
que o Geoturismo dá atenção aos elementos abióticos, principalmente para rochas
e para o relevo. Talvez a maior diferença esteja mesmo no conhecimento que a
população tem acerca desse tipo de turismo. Em Santarém a prática começou
somente no ano passado. No Brasil inteiro a realidade também não é tão distante
da encontrada aqui. Mesmo depois de duas décadas, poucos estudos e publicações
são realizados no país.
Boa parte disso se deve pelo forte apelo que tem sido
exercido pelos ambientalistas em torno da preservação da flora e da fauna,
esquecendo que o ambiente abiótico exerce grande influencia nesse cenário, e um
precisa do outro para existir. “O Geoturismo vai valorizar mais os ambientes
abióticos, não só a biodiversidade, não só a ecologia dissociada dos solos, das
rochas, do relevo. Tudo é integrado. Esse movimento de geoconsevação é um pouco
disso, de despertar na opinião pública esse valor. Os ambientes abióticos não
são menos importantes do que os bióticos”, ressalta Deize Carneiro.
Santarém é um paraíso na Amazônia, repleta de belezas
naturais e com muito potencial turístico. Apresenta uma paisagem deslumbrante,
tem cultura própria e uma vasta história. No entanto a população aproveita
pouco tudo que a cidade oferece. Pensando nisso, o Instituto de Engenharia e
Geociências da Ufopa conta com o projeto de extensão ‘Roteiros Santarenos:
geologia, história e turismo’ para
tentar despertar nas pessoas o interesse sobre o patrimônio geológico, criando
uma consciência ambiental mais apurada e expandindo o conhecimento acerca da
própria região. Um dos destaques do Geoturismo é justamente esse, agregar o
turismo ao lazer e ao conhecimento. Ele está associado a três pilares
principais: Geodiversidade, Patrimônio geológico e Geoconservação e
envolve, também, arquelogia e história, entre outras áreas.
“A gente vê que a população tem essa exigência. É muito legal
quando a gente realiza algum trabalho de campo, que as pessoas do local ficam
curiosas em saber o que a gente está fazendo, e acompanham, mostram coisas.
Elas ficam animadas em saber qual a origem daquele sedimento, que rocha é
aquela. Percebe-se que a população tem interesse e recebeu bem o projeto. E é a
vocação da cidade”, finaliza Deize.
Através do projeto, acadêmicos da própria Universidade e a
população em geral tem a oportunidade de participar das excursões, realizadas periodicamente,
e que se dão por meio de caminhadas, trilhas, passeios de bicicletas e
percursos de ônibus. As excursões podem ter os roteiros mais variados, podendo
acontecer em ambientes fluviais, nas áreas de praias ou até mesmo no centro da
cidade.
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