A melhor parte de ser jornalista é poder ouvir as mais loucas histórias que as pessoas têm para contar. A história que contarei a seguir, por exemplo, não sei até que ponto realmente aconteceu. Mas isso não diminui a beleza da coisa.
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Equipe do JSBA teve a honra de posar para foto ao lado do 'maluco' (Foto: Jô Tapajós) |
O ‘Ciclista Maluco’ é, no mínimo, um bom contador de
histórias. Histórias estas vividas intensamente durante seus 59 anos de vida (ele vai completar 60 ainda neste ano).
Só de pedal, ele já acumula 28 anos. Conheceu alguns países, várias capitais e
milhares de cidades. Ele chegou a Santarém na semana passada, vindo do Amapá, onde
concluiu mais uma de suas jornadas malucas.
PRIMEIRA AVENTURA
Tudo começou em 1986, quando
Ferreira tinha 32 anos. “Teve um amigo que me convidou para dar uma volta. Eu
topei. Falei para minha mulher: ‘daqui a seis meses talvez eu volte’”, conta. A
viagem por Uruguai, Argentina, Paraguai e Bolívia durou bem mais que o
previsto: foram necessários 14 meses. “Fomos devagar, sem pressa, para conhecer
as cidades”.
A partir daí ele não conseguiu
mais desgrudar da bicicleta. Após descansar da primeira viagem, já quis partir
para outra aventura. A ideia era desbravar, junto com o amigo, o litoral
brasileiro, de Itajaí (SC) até Belém (PA). No entanto, o companheiro não
aceitou o novo desafio. Em compensação, a esposa do aventureiro topou. “Nem
chegamos a completar o caminho. Fomos até Fortaleza (CE) e voltamos”. Mesmo sem
alcançar o objetivo, o ‘passeio’ durou mais de um ano.
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Lula, o mentor do apelido 'Ciclista Maluco' |
POR ONDE ANDOU
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Encontro dos baixinhos contadores de histórias |
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Asterix e Neymar, uma dupla e tanto |
OIAPOQUE AO CHUÍ
Há sete anos, em março de 2007, o
‘Ciclista Maluco’ partiu, talvez, para o seu maior desafio. Ele queria cortar o
Brasil de Sul a Norte, de Chuí a Oiapoque (vale ressaltar que, apesar de
amplamente difundido que esses sejam os dois pontos extremos do Brasil,
Oiapoque não é onde ‘começa o Brasil’. O ponto mais ao Norte no mapa brasileiro
é Caburaí, em Roraima. Em vez de Oiapoque ao
Chuí, dever-se-ia falar: Caburaí ao Chuí).
O feito só foi completado no dia
23 de julho deste ano. “Eu andei por muitos lugares, acabei me atrasando muito,
afinal já são sete anos. Em um ano e meio daria para fazer tudo isso”, explica
o ciclista, que ainda pretende voltar ao Chuí.
DE JARDINEIRO A AVENTUREIRO
Antes, o ‘Ciclista Maluco’ era
jardineiro, agora sua profissão, como ele mesmo diz, é o perigo. Já passou por
poucas e boas nos acostamentos das estradas brasileiras. São tantas aventuras
que ele já teve de trocar duas vezes de companheira. Margarida e Rebeca já
estão aposentadas. Há oito anos a missão ficou por conta da Bambina, que ainda
tem muito pneu para gastar. Foi com ela que ele cumpriu a jornada de Chuí ao
Oiapoque. “Nunca perdi minha bicicleta, nem a roubaram”, comemora.
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Oiapoque: "aqui começa o Brasil" |
Aos 59
anos ele esbanja vitalidade e boa vontade. Ele diz que não bebe, nem fuma (e é
claro que eu acredito), e por isso consegue realizar os desafios que traça
para sua vida. Ainda não se aposentou, então não tem renda fixa. Para viver,
ele conta com o apoio das prefeituras dos municípios por onde passa, além da
contribuição dos ‘amigos da estrada’ que admiram a coragem do simpático maluco.
“A gente
pede apoio nas prefeituras. Às vezes as pessoas passam por mim, dão alguma
contribuição”, revela.
FUTURO DO CICLISTA
O aventureiro ainda não decidiu para onde vai depois de Santarém. Estão nos planos Cuiabá ou Manaus. “Aqui é a primeira vez que eu venho. É uma cidade bonita, com bastante gente”, fala. Para ele, os lugares mais bonitos para onde foi, e deseja voltar, são Rio de Janeiro e Fortaleza.
Janilton Ferreira pretende chegar
a sua casa, em Itajaí (SC), no final de 2016, e, depois, escrever um livro
contando a história da sua vida, para ser lançado no começo de 2018. “Depois
disso vou seguir viagem novamente. Eu adoro, sou apaixonado por isso”, finaliza.
A cada conto, aumenta um ponto...
Superbike
Para o jornal O Hoje, de Goiás, o ciclista informou que pedala, em média, a 60 km/h. Ele também falou que viaja cerca de nove horas por dia. Se a gente fizer a conta, ele transcorre um percurso diário de 540 km. Após ler a informação, eu fiquei me questionando: ou o maluco tem c# a jato ou ele peida nitro. O mais bacana de tudo é que o figura ainda é humilde. Diz que "não tem pressa".
Quilômetros incontáveis
Em maio deste ano, o jornal Agora, do Maranhão, disse que Janilton Ferreira havia percorrido cerca de 3.500 km, por 24 capitais brasileiras. Mais recentemente, no dia 14 de agosto, ao portal Globo Esporte, no Pará, o ciclista afirmou que sua quilometragem era muito mais alta: nada menos do que 120 mil km percorridos. Das duas, uma. Ou o odômetro de sua bicicleta está com defeito, ou ele percorreu 116.500 km em três meses.
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